domingo, 30 de janeiro de 2011

Paquera

Não existe ninguém solto no meu tempo.

Perdi meu espaço preso às minhas amarguras

e música alguma,

agora,

lembra o meu ouvido.

Paixões desfeitas distantes;

vai que não vai que é melhor que não ir,

presentes úteis

e um quê de procura a cada esquina.

Telefonista Triste

Fiz uma ode

em homenagem a ela,

e ela não gostou.

Não importa,

não ficou boa mesmo.

Antes tivesse feito um carinho.

E ela, talvez,

bem de mansinho,

teria me entregue o seu sorriso.

Baile de Gotas

Da poltrona da sala

de meu pequeno apartamento

vejo a chuva cair mansa.

No vidro fantasia da janela

gotas se formavam

e com seu próprio peso

punham-se em movimento

numa corrida frenética

e totalmente sem regras,

gota por gota,

cada uma por si

num bailado vertical sem ensaio.

Perda

Nenhum pássaro toca no meu trombone.

Já me fui alegre por vezes,

batuques, risos, requebros.

— Que belo par de ombros!

Ela se foi. Por quê?

Trombone mudo.

Notas falidas já não combinam sons.

Arranjos líricos. Ilúcidos.

Haverá outras intenções?

Sonhos, sonhos e sonhos;

toque de melancolia.

Sonharei por toda a vida.

Conseguirás acompanhar-me nos sonhos?

Consideremos o mistério como um elixir da vida.

Craques da Bola

Os deuses trocam gentilezas

frente ao grande público;

tentam passar gratidão,

fantasias particulares.

Muitos são iludidos.

Felizes, deslumbrados...

A verdade firma-se no horizonte,

e o engodo perde-se pela linha de fundo.

Alma Vazia

Vai, viola,

viola, os meus sentidos.

Vazia é minha alma,

vis são meus sonhos.

Ouço-te viola viva,

vivo-te vida voraz.

Violo meus sentimentos

vadiando com minha solidão.

Vibra, viola amiga,

vê se alegra

esse vazio coração.